Sempre gostei
da arquitetura grega, não só pela beleza, mas por achar que ela foi pioneira no tipo de
arquitetura que desenvolveu. Nunca havia achado muita coisa na internet e os
livros de história que encontrei são todos em inglês e muito massantes,
tornando a leitura chata. Fazendo um estudo independente sobre a arquitetura
grega encontrei um material interessante e resolvi desenvolvê-lo um pouco. Segue abaixo, e boa leitura!
A arquitetura grega iniciou seu florescimento
somente por volta da primeira Olimpíada, em 776 a.C. As habitações eram em
geral muito simples e os principais representantes da arquitetura, nesta fase,
são os templos em pedra, em especial o mármore. Eles derivam seu desenho
de uma arquitetura micênica estruturada com madeira, o mégaron¹, uma construção retangular caracterizada por uma
abertura, um alpendre de duas colunas, e uma lareira mais ou menos
centralizada, coberta por um telhado de madeira em duas águas com traves
aparentes, tinha as paredes de tijolo cozido ao sol recobertas com estuque (pó
de mármore amassado com cal, gesso e areia; obra de estuque) e uma base de
pedra. A porta era estruturada por duas traves laterais e um lintel, todos
em madeira. Os gregos transportaram para a pedra uma réplica bastante aproximada
desse modelo, tanto que a arquitetura grega já foi apelidada de
"marcenaria em pedra". As primeiras colunas e lintéis dos templos
gregos, na verdade, foram de madeira. Pouco depois a pedra começou a substituir
todos os outros materiais salvo no telhado, que incorporou também telhas de
cerâmica ou mármore. Os gregos concentraram as suas pesquisas estruturais
basicamente num único sistema: o trílito, formado por
dois pilares de apoio e por um elemento horizontal de fecho, o lintel.
Não conheciam o arco nem seus derivados, a cúpula e a abóbada.
O projeto era simples: uma construção de
forma padronizada retangular sobre uma base de geralmente três degraus, com colunas no pórtico, na extremidade oposta ou em todos os seus lados, e o entablamento de remate. O núcleo do templo era uma zona
fechada, formada por uma ou mais salas, onde eram colocadas a estátua do deus e as oferendas recebidas - o tesouro do templo. Este
espaço interno era coberto por um telhado de duas águas, estruturado em madeira
e rematado por dois frontões triangulares em pedra, no
lado da entrada e na extremidade oposta do edifício. Sendo as cerimônias
realizadas ao ar livre, os arquitetos gregos preocuparam-se mais com a sua
imagem exterior do que com o espaço interior, reservado aos sacerdotes. As esculturas decorativas nos frisos e frontões,
bem como as paredes dos templos, eram muitas vezes pintadas em vivas cores, mas
praticamente nada dessa decoração chegou até nós.
Este modelo repetiu largamente por todo o
território grego, assumindo, porém muitas variações que dependiam de
preferências locais ou do orçamento disponível. Na arquitetura grega foram
desenvolvidos três estilos ou ordens: a ordem dórica, a jônica e a coríntia. A ordem dórica era a mais simples, sem ornamentos,
dando à edificação um aspecto de grande solidez. A jônica, mais elegante, tinha
um capitel decorado por duas volutas.
A ordem coríntia², que surgiu somente na época clássica, era ainda mais esbelta
e ornamentada, sendo famosa pelo seu alto capitel em forma de sino invertido,
decorado com volutas e folhas de acanto.
O Partenon e o Templo de Teseu são
de estilo dórico. O Erectéion e o Templo de Atena Nike,
ambos erguidos em Atenas, são de estilo jônico.
Outra das importantes invenções da
arquitetura grega foi o anfiteatro, geralmente construído na
encosta duma colina, aproveitando as características favoráveis do terreno para
ajustar as bancadas semicirculares. No centro do teatro ficava a orquestra, e ao fundo o palco,
que funcionava com um cenário arquitetônico fixo. Dos
muitos teatros construídos pelos gregos destaca-se o famoso Teatro do Epidauro. Além
do templo e do anfiteatro os gregos desenvolveram uma série de outras
tipologias arquitetônicas para usos específicos. Pode ser citado como exemplo o
templo de planta circular, desenhado por Tholos;
o prytaneion, semelhante ao templo, mas sendo uma grande sala de banquetes
e eventos oficiais, contando com uma lareira acesa perpetuamente em honra a Héstia; o bouleuterion ou sala do conselho, uma sala
retangular para assembleias, com uma arquibancada em seu interior; o estádio e o hipódromo, para realização de jogos e corridas; o ginásio ou palestra, para o treinamento dos atletas, e as capelas votivas
ou tumulares, na forma de templos em miniatura. As residências em geral
continuaram sendo modestas ao longo de toda a história da Grécia Antiga, sem
qualquer traço decorativo pronunciado. Sua planta básica era aproximadamente
quadrada, tendo como característica proeminente uma galeria no interior que
atravessava a casa de uma parede a outra, e para onde se abriam os outros
aposentos e um pátio rodeado de colunas. Casas de dois andares eram comuns.
Durante muito tempo prevaleceu a ideia de que
os gregos utilizavam um sistema de proporções uniforme e estrito para a
construção, baseado na Seção Áurea, mas os estudiosos de hoje,
segundo disse Ian Jenkins, na medição de inúmeros templos não encontraram
evidências físicas suficientes para corroborar a ideia - ao contrário, encontraram
uma enorme diversidade de sistemas ou mesmo às vezes nenhum sistema
reconhecível. Os principais motivos para tal são a ausência naquele tempo de um sistema métrico padronizado para toda a Grécia, e a
preferência pela construção de proporções cumulativamente a partir de uma
medida inicial arbitrária. Com isso atualmente se concebe a arquitetura grega
como dinâmica, dependente de inúmeras variáveis, ainda que tivesse linhas
gerais comuns e que em pelo menos alguns templos tenha sido atestado um uso
consistente de proporções definidas.
¹ O mégaron é a "grande
sala" da civilização micênica. A
sala retangular, caracterizada por uma abertura, um alpendre (espaço coberto
por telhado, mas sem paredes, pelo menos na frente) de duas colunas, e uma
lareira mais ou menos centralizada cujo uso é tradicional na Grécia desde os
tempos da cultura micênica, é o antepassado do templo na Grécia. Era
provavelmente usado para declamação de poesia, festas, rituais religiosos,
sacrifícios e conselhos de guerra. Originalmente era muito colorida. Feitos com
a ordem arquitetônica minóica, os interiores de tijolo queimado
e enormes vigas de madeira moldavam o edifício. O telhado era de telhas de
cerâmica e ladrilhos de terracota. Um mégaron famoso está localizado no grande
salão de recepção do rei no palácio de Tiryns, a sala principal que tinha um
trono colocado contra a parede da direita e uma lareira central acompanha por
quatro colunas de madeira em estilo minoico que serviam como apoio para o
telhado. O mégaron, enquanto elemento característico de arquitetura,
encontra-se descrito na Odisséia.
² Dentre
as colunas gregas, as que chamaram a atenção dos romanos foram a dórica e coríntia,
servindo de inspiração para as colunas romanas toscana e compósita
respectivamente.
Templo Grego: Partenon de Atenas
Imagem da reconstrução do Mégaron
Colunas gregas: dórica, jônica e
coríntia, respectivamente.
Ordem dórica e ordem jônica.
Exemplo de uma planta baixa grega
Lendo
o texto fica claro que a arquitetura grega era muito simples em sua organização
espacial, principalmente no interior, por ser menos utilizado. O espaço
exterior também era simples, mas havia um cuidado maior por que nele onde eram
realizadas as cerimônias. Nas fachadas predominavam as ornamentações. Os
detalhes esculturais dividiram as fachadas em três tipos, ou ordens como são
mais conhecidos: a dórica, a jônica e a coríntia. Suas principais criações
foram o templo, onde se destacou o Partenon de Atenas, e o anfiteatro. As residências
eram simples e não possuíam detalhes decorativos. Muito da arquitetura grega
foi usado como inspiração ou completamente copiados pelos romanos.
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